Brasil derrotado pela Holanda

O time brasileiro lutou, e o placar não reflete exatamente o quanto foi aguerrido o match. Mas o fato é que a Holanda fez valer sua superioridade teórica é aplicou um placar elástico (3,5:0,5) na equipe olímpica brasileira pela oitava rodada da Olímpiada de Tromso, na Noruega 2014.
Durante um bom período as partidas se mantiveram bem disputadas, e os brasileiros chegaram a ter chances reais, sobretudo nas partidas de Gilberto Milos contra Sergei Tiviakov, e de Krikor Mekhitarian contra Erwin L’ami. Felipe El Debs se manteve sempre sólido, e também teve uma breve oportunidade após uma imprecisão do seu adversário, que não foi aproveitada. Na partida de Alexandr Fier contra o top Anish Giri (2745), o brasileiro esteve bem na abertura, mas cometeu uma única imprecisão (24… Bc8?), e no nível de Giri, isso costuma ser suficiente.
Assustou a ausência de Rafael Leitão. O melhor jogador brasileiro da atualidade está vivendo uma semana difícil em Tromso. Tem apenas 2.0/5 em uma performance de 2464. Mas sua retirada do match contra a Holanda certamente enfraquece o Brasil. Rafael é um jogador experiente e respeitado, e perder partidas no nível que jogou é algo normal. O que aconteceu e motivou a saída de Leitão só quem está lá pode afirmar. Os que entraram lutaram dignamente, mas a escalação não foi a melhor.
Anish Giri (2745) 1 x 0 Alexandr Fier (2570)
Mais uma francesa empregada por Fier, e bem preparada. Giri não conseguiu retirar nada da abertura, e em poucos lances as pretas conseguiram igualar. Parecia que o Brasil teria chances de buscar o empate contra o top holandês, apesar dos finais inferiores de bispo bom contra bispo ruim que costumam ocorrer nessas variantes da francesa. Parecia. Paulatinamente, Giri conseguiu criar jogo pela coluna ‘a’, e após o impreciso 24….Bc8, que dificulta a disputa da coluna, Giri consegue invadir a posição e rapidamente decidir a partida.
Krikor Mekhitarian (2568) 0 x 1 Erwin L’ami (2631)
Krikor entrou numa linha bastante aguda em que ficou com peça por peões, além do rei no centro. Esse desequilíbrio dinâmico deixou a partida bastante aberta, e deu chances reais a Krikor. No entanto, o brasileiro não conseguiu segurar o jogo mais preciso do adversário, que fez valer a força dos peões e a exposição do rei branco.
Sergei Tiviakov (2664) 1 x 0 Gilberto Milos (2583)
Partida bastante interessante e movimentada, com reviravoltas que alimentaram a esperança de um ponto brasileiro. Milos esteve com um peão a menos durante boa parte do meio jogo, mas estava compensado pela atividade de suas peças. Justamente quando Tiviakov oferece a troca de damas e a retomada de um peão por Milos, o caminho a ser tomado deveria ser outro. Foi uma boa partida, bastante lutada, mas o resultado não foi aquele que a torcida brasileira desejava.
Felipe El Debs (2520) ½ x ½ Robin Van Kempen (2638)
Felipe foi seguro. Embora as pretas tenham obtido vantagem na ala do rei, numa Índia do Rei, a atividade criada por Felipe no flanco dama foi suficiente para equilibrar as ações. Após 21….h4, os computadores apontam uma chance tática para El Debs, baseada na peça solta Ta8. Mas o xadrez é feito de humanos, felizmente, e nem sempre é possível observar essas oportunidades. Felipe fez o único meio ponto do time na rodada.
Amanhã, o Canadá.
A equipe do Canadá tem força similar à do Brasil. Vamos ver o que esperar da escalação brasileira.